Negociações ainda entravam em posições antagônicas que PT e PMDB têm
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu se envolver pessoalmente nas negociações para tentar aprovar a reforma política no Congresso. Lula se reúne nesta sexta-feira, dia 16, com os dirigentes do PC do B, o PDT e o PSB em busca de pontos consensuais para mudar o sistema político brasileiro. O ex-presidente também irá discutir a reforma política com o comando do PMDB. PT e PMDB têm posições antagônicas em pontos da reforma.
Lula se reuniu nesta segunda-feira, 12, com petistas, em São Paulo, para discutir a reforma política. No 4º Congresso do PT, realizado há dez dias, o partido ratificou a necessidade de mudanças no sistema político brasileiro. Ficou definido que o financiamento público de campanha é um dos pontos essenciais da reforma. Pela proposta de Fontana, as empresas estatais poderão bancar campanhas eleitorais. O projeto prevê a criação de um fundo _ Fundo de Financiamento de Campanhas Eleitorais (FFCE) _ que poderá receber dinheiro público e privado.
O financiamento público enfrenta, no entanto, resistências junto a partidos da base aliada. Parte do PMDB é contra a proposta. Também não há consenso em relação ao sistema eleitoral, com voto proporcional misto proposto por Fontana. Pelo projeto, o eleitor vota diretamente em um candidato para preencher metade das vagas para a Câmara dos Deputados, as assembleias legislativas e as câmaras de vereadores. Na outra metade, o eleitor vota em uma lista preordenada de candidatos, definida por cada partido.
Único consenso é mudança na data da posse dos eleitos
Deputados e senadores divergem, inclusive, sobre proposta de voto em lista fechada para as eleições proporcionais
São tantas e tão profundas as divergências entre Câmara e Senado, e até entre as bancadas do mesmo partido, que as reformas política e eleitoral têm hoje um único ponto consensual: mudar a data da posse de presidente da República, governadores e prefeitos. No mais, as propostas em tramitação chegam, em alguns casos, a ser antagônicas.
Pela proposta, tanto da Câmara quanto do Senado, o presidente da República assumirá no dia 15 de janeiro; os governadores, no dia 10; e os prefeitos, em 5 de janeiro. Hoje, todos tomam posse em 1.º de janeiro, o que acaba "estragando" o réveillon dos políticos e impedindo a presença de chefes de estados estrangeiros na festa presidencial. "Mas não pode votar só mudança de data de posse. Isso não é reforma", diz o líder do PP, Agnaldo Ribeiro (PB), que também é favorável à coincidência das datas de todas as eleições.
Esse desejo do deputado, porém, não supera os impasses dominados pela polêmica. É o caso do sistema eleitoral proporcional com voto em lista fechada e em candidatos, proposta que, como o financiamento público das campanhas, enfrenta sérias resistências no Congresso.
"Acho que a proposta de voto em lista e no candidato não tem lógica. Não tem como ter dinheiro público para financiar a competição interna dentro do partido", reclama o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Enquanto existir voto nominal, é imoral adotar o financiamento público de campanha. Financiamento público só se explica com lista fechada", reage o líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).
Mudança. A reforma política é tão controversa que pontos antes consensuais agora dividem até as bancadas do mesmo partido. Previsto no relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS) e tema de um dos projetos em tramitação no Senado, o fim das coligações nas eleições proporcionais - para deputado federal, estadual e distrital e vereadores - é um exemplo. Hoje, há divergências sobre o tema em todos os partidos, inclusive no PT.
"Eu sou contra o fim das coligações, porque isso impede que os partidos que tenham identidade se alinhem para disputar eleições", argumenta o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). "Mas coligação não pode ser um ato oportunista", reforça. "Sou a favor do fim das coligações. É importante isso entrar para a eleição de 2014", rebate o senador Wellington Dias (PT-PI).
Os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Valdir Raupp (PMDB-RO) comungam da opinião do petista. "Há uma espécie de consenso no Senado em relação ao fim das coligações nas eleições proporcionais", afirma líder tucano.
setembro 12, 2011
Falta de consenso pode adiar votação de proposta da reforma política
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